Naquela manhã, como habitualmente, a professora bibliotecária entrou na biblioteca e abriu as grandes janelas que dão para o pátio da escola. Viu o seu reflexo no vidro e, antes de entrar alguém, aproveitou para ajeitar os longos cabelos negros. Preparava-se para catalogar a pilha de livros amontoada no balcão de atendimento... Surpresa: no local onde deveria estar o computador, encontrava-se um velho livro, "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley. Rapidamente os seus olhos varreram a biblioteca à procura do equipamento e qual não foi o seu espanto, ao verificar que nas mesas da zona multimédia, onde deveriam estar os portáteis, se encontravam também livros, alguns já muito amarelados. Percorreu as mesas, lendo os títulos, "1984", "Fahrenheit 451", "Nós", "As Lições dos Mestres", "O Planeta dos Macacos", "O Triunfo dos Porcos", "Laranja Mecânica", "O Deus das Moscas" e... o seu sangue gelou quando leu o último título, "Um Cadáver na Biblioteca"...
- De certeza que alguém me quer pregar uma partida. Quem poderá ser?
Um aluno entrou de rompante e quase derrubou a jovem professora, que não conseguiu impedir a queda dos óculos.
- Stora, desculpe lá, é só mesmo tipo para ver o mail antes da aula - disse o rapaz esbaforido.
A jovem olhou desconfiada para a figura de cabelos desgrenhados, piercing na sobrancelha direita, calças de ganga rasgadas e com ténis All Star, um de cada cor nos pés.